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Toxina produzida por carrapato pode retardar o avanço de tumores

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Carrapato pode ser encontrado apenas no RS
Carrapato pode ser encontrado apenas no RS - Foto: Reck et al., Vet Clin Pathol, 2011Download

Pesquisadores isolaram pela primeira vez uma toxina produzida pelo carrapato Ornithodoros brasiliensis que possui efeito antiangiogênico - capaz de inibir o processo de cicatrização da pele. Segundo o estudo, realizado no Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor (IPVDF), a substância tem uma perspectiva de uso biotecnológico, pois os compostos antiangiogênicos são promissores agentes que podem ajudar no combate ao câncer. A pesquisa, intitulada “Efeito antiangiogênico do homogenato de glândulas salivares do carrapato Ornithodoros brasiliensis”, recebeu o prêmio Uriel Franco Rocha como o melhor trabalho do XVII Congresso Brasileiro de Parasitologia Veterinária, na área de Entomologia e Acarologia Veterinária.

Ornithodoros brasiliensis, encontrado somente no Rio Grande do Sul, vem infestando a região da serra gaúcha. O trabalho acompanha o ressurgimento do animal, tido como extinto, em diversos casos de parasitismo humano e animal. “Desde 2007, foram registrados 28 casos de parasitismo humano e 11 casos de cães picados pelo carrapato na região de São Francisco de Paula”, afirma o pesquisador José Reck Júnior. Diferente de outros carrapatos, a picada do O. brasiliensis gera na vítima um quadro com reações severas, como dor intensa, inchaço, mal-estar e formação de lesões de lenta cicatrização, causado pelas toxinas do animal.

Sobre a pesquisa

O estudo foi realizado pelos pesquisadores José Reck Júnior e João Ricardo Martins, do IPVDF, unidade da Fepagro em Eldorado do Sul, juntamente com Fernanda Marks e Carlos Termignoni, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Os cientistas caracterizaram a síndrome causada pela picada do carrapato em humanos e animais. Também foram identificados os principais fatores associados à presença do O. brasiliensis em determinadas moradias e os mecanismos pelos quais são desencadeados os sintomas. Recentemente, o grupo iniciou a identificação das substâncias injetadas pelo parasita nas suas vítimas para explicar como ocorrem as lesões e verificar a possibilidade do uso biotecnológico dessas toxinas.

“Demonstramos pela primeira vez que a secreção produzida pelo animal possui efeito antiangiogênico, porque inibe a formação de novos vasos sanguíneos, impedindo a recuperação da área lesionada por falta de nutrientes e oxigenação” explica Reck. Além disso, os cientistas descobriram que a saliva do carrapato tem um potente efeito tóxico, matando as células que recobrem os vasos sanguíneos.

A substância pode ser um aliado na luta contra o câncer porque as células dos tumores precisam da formação de uma rede de vasos sanguíneos para sustentar a sua proliferação. “Se inibimos a formação dos vasos, impossibilita-se o crescimento do tumor, pois ele não recebe oxigênio”, afirma.

A próxima etapa da pesquisa está prevista para atuar em dois eixos: a aplicação das informações epidemiológicas geradas para reduzir o impacto do parasita na sociedade e a análise das toxinas que tenham potencial biotecnológico. No momento, os pesquisadores estão caracterizando a estrutura química dessas moléculas. “Conseguimos aliar o estudo de um problema local que atinge uma cidade gaúcha, fornecendo subsídios para seu entendimento e controle, e ainda gerar perspectivas científicas de uso biotecnológico de toxinas de um animal só encontrado em nosso Estado”, avalia o pesquisador.

Sobre o prêmio

O prêmio Uriel Franco Rocha é uma das mais importantes premiações na área de Parasitologia e é entregue a cada dois anos durante o Congresso Brasileiro de Parasitologia Veterinária. Neste ano, o congresso será realizado de 3 a 6 de setembro em São Luís (MA) e a premiação acontece na abertura do evento. Após a cerimônia, o trabalho será apresentado em forma de palestra.

Mírian Socal Barradas
Divisão de Comunicação Social da Fepagro

Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor