Curso de sanidade avícola do IPVDF debate a importância da avicultura no agronegócio

Com a finalidade de abordar temas relevantes e inovadores para a saúde aviária, iniciou nesta quarta-feira (17/6) o Curso Sanidade Avícola 2015. Promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Saúde Animal, do IPVDF; pelo Grupo de Pesquisa Inova, que é certificado pela Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro); e pelo Sindicato dos Médicos Veterinários do Estado do Rio Grande do Sul (SimvetRS), o evento ocorre até o próximo dia 30, no auditório do IPVDF, em Eldorado do Sul.
O pesquisador da Fepagro Saúde Animal – IPVDF - e líder do grupo Inova, Benito de Brito; o diretor do IPVDF, Rogério Rodrigues; e o coordenador do Programa de Pós-Graduação em Saúde Animal do IPVDF, José Reck Júnior, deram as boas-vindas aos participantes. “Foi um trabalho difícil de montar e só foi possível graças à colaboração dos parceiros. Foi uma inovação e esperamos que continue por vários anos”, pontuou Brito.
Palestras
O diretor técnico da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), Mauro Gregory, falou sobre a “Importância
Econômica e Social da Avicultura no Agronegócio”. Ele mostrou o que representa em termos econômicos e sociais a avicultura gaúcha em nível nacional e mundial. Segundo Gregory, a produção gaúcha de frango de corte representa cerca de 30% do mercado nacional, enquanto a produção de ovos é responsável por aproximadamente 18% do mesmo mercado.
O médico veterinário destacou ainda que existem hoje no Rio Grande do Sul 18 mil produtores rurais que trabalham com avicultura. “Isso significa a manutenção do homem no campo, no minifúndio”. Conforme dados da Asgav/Sipargs, há, no Estado, 30 granjas, de médio e grande porte, produtoras de ovos. “O que significa 80% da produção gaúcha”, afirmou Gregory.
Ele ressaltou ser o controle sanitário o fator mais exigido hoje na avicultura. “A responsabilidade social e econômica que recai sobre a avicultura reforça a importância da ciência, da pesquisa, e do desenvolvimento da defesa sanitária. O setor depende de vocês, pesquisadores, para mostrar os riscos que temos de combater”, concluiu.
O “IPVDF na Sanidade Avícola” foi apresentado pelo pesquisador do IPVDF, Augusto Cesar da Cunha. Ele abordou a importância do laboratório de diagnóstico. Conforme Cunha, 40% dos cursos de Medicina Veterinária do Brasil formam profissionais com perfil urbano, para tratar de pequenos animais e não de animais da cadeia produtiva. “O agronegócio não encontra veterinários para trabalhar, por isso, a missão do IPVDF hoje é dar suporte aos programas oficiais de sanidade animal. E a formação de Recursos Humanos, com a criação do Programa de Pós-Graduação em Saúde Animal, é uma forma de contribuir com o país”, afirmou.
Cunha fez um pequeno histórico da Sanidade Animal no Rio Grande do Sul. Segundo ele, em 1936 foram feitas as primeiras inspetorias veterinárias e criados laboratórios para analisarem casos de aftosa, tristeza parasitária bovina, entre outros. O ano de 1948 marcou o início das atividades do IPVDF, com diagnóstico e produção de vacinas para aftosa, peste suína clássica e raiva. “Em 1960, já havia diagnóstico e produção de vacina líquida para a brucelose”, contou.
Os anos de 1970 trouxeram os estudos da parasitologia e ecologia do carrapato, além da criação do laboratório de Patologia das Aves. “Nessa época, foi feito um convênio com o Conselho Britânico para que os médicos veterinários do IPVDF pudessem fazer curso de mestrado em avicultura, a qual ainda era insipiente no Rio Grande do Sul. Assim, houve no Instituto a formação de uma massa crítica que deu suporte à agricultura local”.
Cunha ressaltou ainda que o credenciamento dos laboratórios passou a ocorrer nos anos 2000. E, de 2010 a 2015, foi criado o Programa de Pós-Graduação em Saúde Animal do IPVDF.
A pesquisadora do IPVDF, integrante do grupo Inova, Lissandra Souto Cavalli, falou sobre “Biossegurança em Laboratórios de diagnóstico”. Ela abordou a importância da biossegurança nas atividades laboratoriais, destacando a utilização de EPI e EPC, boas práticas de laboratório e percepção de risco. “Falhas na percepção do risco podem gerar acidentes graves ou até mesmo fatais”, explica a pesquisadora, que atua na linha de pesquisa em biossegurança. A palestra pontuou ainda os tipos de riscos relacionados às atividades laboratoriais, barreiras de contenção e sinalização em biossegurança.
O biólogo Júlio Norte apresentou a palestra “Implantação da ISO 17.025 em Laboratórios Avícolas”, sobre acreditação e credenciamento de laboratórios. O biólogo especialista explanou sobre a importância do credenciamento de laboratórios e sobre os requisitos gerais da certificação, baseados na norma regulamentadora ISO 17025.
Sobre o “Credenciamento de Laboratórios Avícolas” falou a responsável pela área de Diagnóstico Animal da Coordenação Geral de Apoio Laboratorial do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Ana Cristina Rocha. Ela apresentou a Rede Nacional de Laboratórios Agropecuários para o Desenvolvimento do Agronegócio. Segundo ela, são 286 laboratórios credenciados no Brasil, mais seis Laboratórios Nacionais Agropecuários (Lanagros) - que são os laboratórios oficiais do Mapa nos estados de: São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pará, Pernambuco e Goiás.
E o que fazem os Lanagros? São responsáveis por: análise dos serviços oficiais do Mapa; auditar laboratórios credenciados; realizar estudos; produzir e manter material de referência; pesquisa e desenvolvimento de métodos analíticos; atuar como centro regional para a difusão do controle analítico.
De acordo com Ana Cristina, eles atuam em 16 áreas, entre elas, diagnóstico animal, sementes e mudas, e classificação vegetal. “Possuem equipamentos de última geração e estruturas biosseguras”, acrescentou.
A médica veterinária abordou ainda que, desde 2011, os laboratórios que desejam se credenciar à Rede Nacional de Laboratórios Agropecuários precisam ter certificação ISO 17025. Um laboratório acreditado pelo 17025 é considerado competente, e seu resultado é aceito como verdadeiro. “Não basta ter excelência técnica, é preciso evidenciar, ter rastreabilidade dos ensaios e equivalência com a legislação dos parceiros comerciais”, disse.
O Curso Sanidade Avícola 2015 segue até o próximo dia 30, quando serão abordados outros tópicos de importância para a avicultura, como: doenças que afetam os diferentes sistemas da ave; gestão sanitária e inovação; novos métodos utilizados para identificação, diagnóstico e tratamento de diversas enfermidades; bem como a relação de doenças aviárias com a saúde pública e inovações no campo da Sanidade Avícola.
Texto e fotos: Darlene Silveira