Expointer: Enfermidades transmitidas por carrapatos em pauta

Nesta terça-feira (1/9) , segundo dia de palestras promovidas pela Casa da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro) na Expointer, entrou em pauta o debate sobre “Sanidade Animal”. “Enfermidades transmitidas por carrapatos” foi o tema abordado pelos pesquisadores do Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor (IPVDF)/Fepagro Saúde Animal, José Reck e João Ricardo Martins.
Segundo Reck, o carrapato bovino, Rhipicephalus microplus, é considerado o principal parasito de bovinos do Brasil, sendo responsável por prejuízos que superam R$ 3 bilhões ao ano. “Essas perdas estão associadas à redução no ganho de peso, produção de leite, custos com tratamentos e às doenças transmitidas por este carrapato”, explicou. No Rio Grande do Sul, conforme o pesquisador, o carrapato bovino representa um desafio ainda maior devido à grande parte do rebanho bovino ser constituído por raças europeias, que são mais sensíveis ao parasitismo.
Martins expôs que, entre as doenças associadas ao carrapato bovino, merece destaque o complexo Tristeza Parasitária Bovina (TPB). De acordo com o médicoveterinário, a TPB pode ser causada por três agentes, uma bactéria (Anaplasma marginale) e dois protozoários (Babesia bovis e Babesia bigemina). “Já há alguns anos a TPB é a principal causa de mortes de bovinos no Rio Grande do Sul. Essa doença se caracteriza, principalmente, por apatia, anemia e redução acentuada na produção de leite e ganho de peso, podendo levar à morte”, alertou. A ocorrência de surtos de TPB, continuou o pesquisador, está intimamente ligada à dinâmica da população de carrapatos na propriedade. “Logo, qualquer programa de controle sanitário deve abordar de modo integrado o carrapato bovino e os agentes da TPB”.
“Nos últimos anos, através de diversas pesquisas e trabalhos de campo, identificamos que as principais dificuldades para o controle do carrapato e TPB são a falta de informação e educação sanitária sobre o manejo e programas de controle estratégicos, dependência exclusiva do controle por produtos químicos, os frequentes erros no manejo dos produtos utilizados no controle e a resistência dos carrapatos aos carrapaticidas”, pontuou Reck.
Visando a um controle estratégico e viável, os pesquisadores recomendam algumas medidas, como: adoção do biocarrapaticidograma (teste para avaliar a susceptibilidade dos carrapatos de uma propriedade rural aos carrapaticidas disponíveis) como rotina na escolha dos produtos a serem utilizados; planejamento de um programa estratégico de controle elaborado por técnico capacitado e prevendo o início dos tratamentos para o final do inverno/início da primavera; e aplicação de medidas auxiliares de controle, como manejo adequado das pastagens, introdução de raças mais resistentes, entre outras.
“E, como dito anteriormente, um programa de controle de carrapatos deve também visar ao controle de TPB. Nesse sentido, entre as medidas mais recomendadas para evitar mortes por TPB, deve ser permitido que os terneiros tenham contato com carrapatos nos primeiros meses de vida e que sejam adotados procedimentos de profilaxia em propriedades com surtos”, concluíram.
Texto: Darlene Silveira
Fotos: Solange Brum/Fepagro